por Rodrigo F. De Oliveira
Fábio Zander é um cara descomplicado que adora planejar e fazer viagens de bicicleta. Nasceu em 30 de julho de 1976, em São Paulo. Morou alguns anos em Londrina, no Paraná. Desde 2005 vive na Europa e há dois anos em Munique, no sul da Alemanha.
O gosto por viagens, veio desde cedo?
O gosto pelas viagens começou cedo com as viagens em família e com os escoteiros. Também com a leitura de livros.
Qual foi a primeira?
As primeiras viagens foram entre Londrina e São Paulo. Morávamos em Londrina por causa do trabalho do meu pai e visitávamos constantemente a família em São Paulo.
Também tenho boas recordações de viagens com os meus pais para Argentina, Chile ou mesmo no Brasil em Florianópolis, Itambezinho, Pico da Bandeira, Itatiaia, etc.
E a bike? Soube que a paixão pela “magrela” veio como influência do teu pai. Esta informação procede?
Sim, a paixão em fazer viagens de bicicleta começou com uma pedalada entre Guarujá e Bertioga em 1991 com o meu pai. Aproximadamente 25 quilômetros que mudaram muita coisa em minha vida nos anos seguintes.
Então, você entrou nesta de ciclismo – ou clicloturismo – relativamente tarde, apenas em 91?
Com a bicicleta comecei cedo, eu já pedalava antes de 1991 pelas ruas e praças perto de casa em São Paulo e em Londrina. As viagens de bicicleta “apenas” comecaram com 15 anos.
Você é quase arquiteto, correto? Porque abandonou o curso?
Em certo momento tive que decidir entre arquitetura e as viagens de bicicleta. As viagens ocupavam cada vez mais espaço e tempo em minha vida.
Decidi pela bicicleta e, é claro, deixei alguns descontentes com a decisão, principalmente os meus pais. Eu os entendo: trocar a “segurança” de um diploma nas mãos por viagens que poderiam ser realizadas durante as férias.
Foi um grande risco que topei, que no final deu certo e não me arrependo pelas decisões tomadas até então.
A mudança para Munique. Qual foi a motivação?
Em 2003 perdi um patrocinador e não consegui renovar a parceria. Queria continuar envolvido com as viagens de bicicletas, mas não dependendo de patrocínio ou eventuais palestras que apresentava.
Decidimos (junto com a Dani, esposa) mudarmos para a Alemanha em 2005. Entre muitas razões para a mudança, a minha principal motivação era a de trabalhar como “bike guide” (guia em pedaladas) para alguma agência européia.
A sede por projetos de aventura parece ser uma constante na sua vida. Pode explicar um pouco esta vontade de desbravar?
Puxa vida é difícil explicar essa sede por viajar de bicicleta e desbravar alguns cantos desse planeta. Eu sei que adoro sair para viajar e ao mesmo tempo, quando estou em uma longa viagem, tenho vontade de voltar para casa. Essa vontade de ir e vir é difícil de se explicar!
Gosto de fazer essas viagens pelo planeta, também como guia, mostrando e empolgando as pessoas que me acompanham.
Pode-se dizer que você gosta de descobrir, de testar os limites?
Gosto de descobrir novos lugares de preferência com a bicicleta. Em algumas viagens, como no Himalaia, também tem um pouco de conhecer, testar ou transpor os próprios limites, por exemplo, pedalando na altitude.
Acho que todos nós temos essa vontade ou necessidade de testar ou transpor limites, no meu caso, são principalmente nas pedaladas.
Filosoficamente ou espiritualmente falando, viajar muda o homem?
Definitivamente viajar muda o homem, só não sei o quanto filosoficamente ou espiritualmente. Viajar nos faz ver novas culturas, novos modos de vida, traz vivências com pessoas totalmente diferentes, vê-se riqueza, pobreza, felicidade, tristeza... creio que essas impressões e experiências trazem mudanças nos viajantes.
Nas viagens guiando grupos europeus percebo que muitos ao final da viagem percebem, por exemplo, que os problemas que tem em casa são pequenos ou nada, comparados aos problemas que algumas pessoas tem na região mais pobre da Índia.
Fala um pouco sobre a experiência de participar do “Desafio nos Andes”...
“Desafio nos Andes” foi a primeira viagem mais longa de bicicleta ao exterior com mais dois amigos com o objetivo de sair pedalando do oceano Pacífico no sul do Chile, atravessar os Andes e pedalar pela Patagônia até o oceano Atlântico na Argentina.
A viagem foi uma ótima experiência para as futuras viagens pela América do Sul e a certeza pelo gosto por viagens longas.
...E sobre a “Pedalada Del Fuego”?
“Pedalada del Fuego” foi umas das experiências mais marcantes que tive na Patagônia e Terra do Fogo. Uma pedalada solitária no início do inverno com destino final a cidade mais austral do planeta, Ushuaia. Atravessando a região da Patagônia e a Terra do Fogo, em alguns dias, cobertos de neve e temperaturas abaixo de zero.
A experiência para mim foi tão marcante que acabei escrevendo um livro em 2004, baseado em meu diário de viagem.
Pude observar que você sempre procura aprender com suas experiências: O que você aprende?
Aprendo muita coisa sobre a região que percorro, sobre natureza, geografia ou como as pessaos vivem.
De certa forma acabo também me conhecendo melhor: aprendo muita coisas com meus acertos e erros ou com as metas que crio para serem atingidas durante uma viagem.
A experiência o levou a realizar exposições fotográficas, escrever artigos para revistas, boletins em rádios. Como é que foi deixar uma vida de projetos arquitetônicos (ou quase) para projetos de aventura e viagens pelo mundo?
Muitas vezes tenho que escutar que sou um egoísta por causa dessas viagens, o que pode até ser em alguns pontos, mas gosto de dividir e compartilhar essas minhas viagens com os outros na forma de exposições de fotos, publicacão de textos ou palestras, seja no Brasil ou na Alemanha. O site também é uma forma de compartilhar essas experiências.
A fotografia é uma paixão ou uma necessidade?
A fotografia não é paixão como a bicicleta (risos). Talvez é a minha necessidade em tentar mostrar as pessoas o que eu vejo e vivencio durante as viagens.
Os livros, “Ciclotrópico de Capricórnio” e “Pedalada del Fuego” foram apenas uma preparação para o “Panorama Brasil”?
Atualmente só escrevi um livro para a “Pedalada del Fuego”. O livro “Panorama Brasil” foi uma obra de outros autores e a minha única participação foi com um pequeno texto com destaque ao “Ciclotrópico Capricórnio”.
Hoje, qual a sua profissão? O que exatamente você faz quando não está em aventuras?
Eu estou 100% ligado as viagens de bicicleta. Sou guia e palestrante.
Sou “bike guide” autônomo trabalhando para agências alemãs e suíças, guiando grupos pelo Himalaia, Jordânia, Cuba, Vietnam, Cambodia, Sri Lanka, etc.
No meio tempo vendo algumas matérias para revistas e apresento minhas palestras pela Alemanha.
Até novembro (2011) abro minha própria agência, a “Zander Bike Tours”.
As palestras, sobre o que elas falam e como apareceram na sua vida?
As palestras surgiram a pedido de amigos querendo escutar as histórias e ver fotos. Acho que é a melhor forma de mostrar as pessoas, lugares e experiências diferentes. Lugares que os próprios participantes, provavelmente, nunca irão conhecer pessoalmente. As palestras sobre minhas pedaladas no Himalaia são no momento bem procuradas aqui na Alemanha.
Você acha que a época das grandes realizações já acabou ou ainda há muito a se fazer?
Acho que a época de grandes descobertas e pioneirismo passou, mas as grandes realizações sempre acontecerão.
E poderia dar alguns conselhos para quem deseja realizar algo do gênero e acha que não é possível?
Se conselho fosse bom... mas acho que é preciso acreditar e ir atrás, independente do que os outros pensam, claro que escutar outras opiniões é muito importante e ter a capacidade de poder fazer mudanças no decorrer do caminho também.
Hoje, após todo este tempo e todas estas experiências, quem o Zander acabou se tornando?
Sei lá, pergunte para os outros (risos).
O que é a volta ao mundo para você? E o ato de viajar?
Volta ao mundo é uma grande e longa viagem.
Viajar é ver e vivenciar outras coisas, lugares e culturas, é a oportunidade de sair da rotina e do cotidiano.
O que você faria se não fosse quem você é?
Uau, complicado! Talvez estaria infeliz, fazendo arquitetura, se não fosse o que sou hoje.
Tem arrependimentos?
Não tenho. O camiho escolhido não foi e não é fácil até hoje, mas eu de certa forma sabia disso e topei.
Quem foram suas influências principais?
Puxa, muita gente e principalmente muitos livros. No início “100 dias entre céu e mar” do Amyr.
Últimas palavras para os nossos leitores?
Realizem seus sonhos e sejam felizes. Tristes são as pessoas presas a rotinas desgastantes e nem percebem isso.
Fábio, foi um enorme prazer! Um grande abraço de toda a equipe “Volta ao Mundo”.
Fonte: Revista Volta ao Mundo
aí ´Fábio vc é o ( CARA )eu também gosto muito de ouvir; ver e ler sobre estas viagens...também gosto muito de pedalar mas também sei que nunca farei umas viagens destas até porque ja tenho 58 anos e ainda trabalho .....mas com certeza depois que aposentar tenho planos de fazer umas viagens pelo menos no Brasil..tenho em mente conhecer Fortaleza capital do ceará...atualmente moro no Rio de janeiro mas quando vier a aposentar ...falta apenas 2 anos tenho planos de morar em Vitória no Espirito Santo...e é de lá que começarei as pedaladas....mas tudo isso depende da vontade Soberana de DEUS porque para isso preciso de estar com saúde boa....o mas vai prevalecer minha decisão e minha decisão é viajar....amigo pra vc um forte abraço e saúde pra vc continuar pedalando.....
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